Seis Dicas Para Comprar Bem E Melhor

Em Pouco mais De três Meses

Sempre que espero a hora de destinar-se pra moradia de uma de minhas irmãs pra ceia de Natal, me invade aquele espírito, natalino ou não - acho que fui mais espantado na experiência que tive de manhã. Um moço me interpelou pela avenida pra comprar panos de chão e panos de prato que, segundo ele, feitos por tua mãe.

O piá tinha o rosto totalmente deformado pelo fogo, desse modo com seus braços e mãos, transformando-o em uma figura deslumbrante. Porém, ao espiar em seus olhos não vi nenhuma sombra de ressentimento, auto-piedade, raiva. Vi alguém tranqüila, que tranquilamente tentava realizar um trabalho sem apelações. Hoje à tarde, ao fazer minha fisioterapia, fiquei pensando nele e viajando. Tomado por esse espírito, fui procurar qualquer coisa no passado para botar por aqui no Blog pra fazer companhia aos meus leitores nessa noite. Localizei, no entanto nada a ver com Natal, nada a olhar com o que vivenciei à tarde.

Algo a visualizar com boniteza, talento, prática, graciosidade, história do nosso tênis, desperdício, o que poderia ter sido e nunca foi, uma pitada de espiritualismo e morte. O texto é de 2002, bem como perto do Natal. Apesar de prontamente ter ouvido esparsos comentários a respeito do evento da minha aura e a minha iluminação serem fortes e bonitas, nunca fui muito de confiar que eu tinha um tipo de conexão especial com o invisível e o inexplicável. Isto até pensar com o “vovô” durante toda noite da última sexta-feira.

No caso, nenhum dos meus avôs, mas sim o ex-tenista Ronald Barnes, carioca da gema mais conhecido nesse apelido desde jovem. Como muito ocorre, certos personagens ficam em nossa memória mais por idealizações e detalhes enevoados do que por razões concretas e detalhes precisos. Barnes foi o tenista mais requintado que de imediato vi em uma quadra de tênis. Apresentação digna de um lord. Um dandi de shorts e camisa brancas com uma coroa de louros no peito. Os cabelos lisos eram penteados pra trás, seguros por alguma brilhantina da época, conclusão dos anos 50 e começo dos sessenta.

Teu percorrer era marcante e contrário de cada outro que conheci. No encerramento de seus passos, ao dirigir-se para trás, os pés se levantavam mais do que o normal, dando um ritmo e uma cadência distintos. Imediatamente vi outros tenistas do Country, habitual clube de Ipanema, imitando-o, entretanto nunca idêntico ao original.

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A elegância não se restringia à tua figura. O seu tênis era gracioso, nobre. Mais requintado do que cada outro que agora tive chance de enxergar e, seguramente, mais encantador. Hoje em dia, o suíço Roger Federer me lembra seu estilo. A raquete Dunlop Maxply de madeira parecia uma batuta em tuas mãos regida por um maestro sabedor de sua capacidade. Vovô era um talento impar que fazia o tênis parecer tão descomplicado quanto caminhar pra frente.

Não era muito alto, devia ter qualquer coisa por volta de 1.76m, mas na quadra se agigantava. Bateu, sem exceção, os melhores de tua época. Era temido, em quadra, por todos, conhecedores de teu talento. A primeira vez, eu era ainda bem fedelho, que vi sua esquerda, pirei. Batida “flat”, com uma leve cobertura de “top spin”, era poesia pura. Seus voleios eram de uma estirpe não mais vistas em quadras de tênis.

A direita não era a melhor do mundo, nem sequer tão agressiva quanto as atuais - contudo aquela esquerda.. Mais de uma vez me ofereci para ser juiz de linha em seus jogos só para vê-la de perto. Sei os erros que cometi sempre que me concentrava nela. Barnes, que entendeu teu esporte nas quadras de saibro de Ipanema, contou seu enorme talento bem jovem, derrotando o Orange Bowl em Miami Beach, assim sendo o equivalente ao campeonato mundial juvenil. Como adulto chegou às semifinais do Aberto dos Estados unidos, dessa maneira jogado nas quadras de grama de Forest Hills, junto a N. York. Teve outros excelentes resultados na sua carreira e defendeu o Brasil pela Taça Davis em imensas ocasiões.

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